segunda-feira, 14 de março de 2011

Cultura Para Dar e Vender




Enxergar a cultura como um bem de consumo. Simplificada, esta é a definição do termo "Economia Criativa", expressão surgida há cerca de 15 anos na Inglaterra. Precedida apenas pela Austrália (que cunhou o conceito de Nação Criativa, como base de uma política cultural para o reposicionamento do Estado no desenvolvimento cultural do país), a terra da Rainha foi um dos primeiros países a identificar as indústrias criativas como um setor particular da economia, reconhecendo a necessidade de políticas específicas que potencializassem o seu expressivo ritmo de crescimento.
De acordo com a UNESCO, dados de 2005 mostravam que apenas três países (Reino Unido, Estados Unidos e China) produziam 40% dos bens culturais comercializados no mercado mundial, incluindo livros, esculturas e outros objetos de arte e decoração, além de CDs, filmes e videogames. A África e a América Latina participariam deste mercado com apenas 4%. Esses números evidenciam o desperdício de talentos e oportunidades de negócios nos países subdesenvolvidos.

Política Pública

No Brasil, a profissionalização da indústria cultural tornou-se política pública no fim de janeiro deste ano, com a criação da Secretaria de Economia Criativa pela ministra da Cultura Ana de Hollanda. As iniciativas para o melhor aproveitamento dessa nova modalidade industrial abarcam as mais diversas atividades culturais e criativas, indo além do já conhecido esquema de patrocínio cultural utilizado por grandes empresas. Empreendimentos em gastronomia, artesanato, fotografia, cenografia, produção de eventos, entre outros que não possuem um grande destaque poderão ser beneficiados com as ações da Secretaria. Um dos maiores exemplos são o Fashion Rio e o Fashion Business, dois dos maiores eventos de moda realizados no país, servindo de vitrine e atraindo lucros e investimentos na área.

Investimentos no Rio

A secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro introduziu, há um ano e meio, uma Coordenação de Economia Criativa em sua pasta, reafirmando o fato de que o governo vem reconhecendo que, entre as várias características da cultura, o potencial para a geração de valor econômico e criação de empregos é extremamente relevante para o país. Dando continuidade à proposta, a Secretaria de Cultura do estado lançou, no início do ano, um edital para o projeto "Incubadora Rio Criativo", a fim de selecionar participantes para duas incubadoras a serem inauguradas em abril: uma no Cais do Porto e outra na Baixada Fluminense. Segundo a secretaria, "é um modelo dos parques tecnológicos que vai se adaptando ao mercado cultural".
O novo modelo de indústria exige planejamento, como diz Walkíria Barbosa, diretora do Festival do Rio e da produtora Total Entertaiment, que conta que "empresários cariocas têm se reunido para debater a criação de uma associação de grandes produtores de eventos. Queremos misturar os diferentes segmentos da indústria criativa, como uma possível integração do Festival do Rio com o Fashion Rio, entre outros". No entanto, áreas de grande relevância para a indústria cultural, como o turismo, vêm decaindo ao longo dos últimos anos. Segundo informações do Banco Central, o déficit na balança econômica referente ao mercado de turismo atingiu 10 bilhões em 2010, quase o dobro de 2009, que chegou a 5,59 bilhões.

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